A embaixada dos Estados Unidos no Brasil, que fica em Brasília, teve a segurança reforçada depois do ataque na Líbia que resultou na morte do embaixador norte-americano Christopher Stevens, na terça-feira (11). Os consulados dos Estados Unidos em São Paulo, Rio de Janeiro e Recife também reforçaram a segurança.
Segundo a assessoria de imprensa da embaixada norte-americana em Brasília, o governo dos Estados Unidos em Washington encaminhou na quarta-feira (12) um comunicado a todas as embaixadas e consulados pelo mundo solicitando o reforço.
A embaixada no Brasil, bem como os três consulados, acataram a orientação ainda na quarta-feira. De acordo com a assessoria de imprensa, o plano de segurança não pode ser divulgado.
Embaixador morto
O embaixador dos Estados Unidos na Líbia, J. Christopher Stevens, e três funcionários também americanos morreram no ataque ao consulado do país em Benghazi, na Líbia, na noite de terça-feira. Ele havia sido designado para este posto havia menos de seis meses. Os demais funcionários foram retirados do local.
Manifestantes armados atacaram o consulado e lançaram foguetes contra o edifício, informaram fontes líbias. Eles protestavam contra um filme considerado ofensivo para o islã.
Segundo o porta-voz da Alta Comissão de Segurança do Ministério do Interior, Abdelmonoem al-Horr, as forças de segurança tentaram controlar a situação quando foguetes RPG foram disparados a partir de uma propriedade próxima.
"Dezenas de manifestantes atacaram o consulado e incendiaram o prédio", disse Omar, um morador de Benghazi, que escutou tiros em torno do edifício. Outra testemunha confirmou os disparos em torno do consulado.
O embaixador dos Estados Unidos teria morrido em seu carro, quando tentava deixar o local.
Mais protestos
A polícia do Iêmen matou uma pessoa a tiros e feriu outras cinco nesta quinta-feira (13), durante confrontos com manifestantes que protestavam contra o considerado filme considerado blasfemo para o Islã em frente ao complexo da Embaixada dos EUA, na capital, Sanaa.
O confronto ocorreu quando os manifestantes, que haviam invadido o complexo mais cedo e depois sido retirados, tentaram novamente entrar no local, segundo os serviços de segurança.
No Egito, novos confrontos em frente à embaixada americana, no Cairo, deixaram 13 feridos. O presidente egípcio, o islamita Mohamed Morsi, criticou as ofensas ao profeta, mas pediu o fim da violência.
Filme polêmico
"Innocence of Muslims" ("A inocência dos muçulmanos"), foi dirigido e produzido por Sam Bacile, um corretor imobiliário israelense-americano de 54 anos, nativo do sul da Califórnia, que afirma que o Islã é "uma religião do ódio". O trailer está disponível no YouTube (acesse).
Bacile, que está escondido, disse que a produção foi financiada com US$ 5 milhões (R$ 10,1 milhões) levantados a partir de doações de judeus, os quais ele não quis identificar. "O filme é político. Não religioso", disse.
Clipes do filme mostram uma produção desconexa, retratando o profeta muçulmano Maomé como um mulherengo, um homossexual, um molestador de crianças, um tolo, um falso religioso e sanguinário. Para muitos muçulmanos, qualquer representação do profeta é uma blasfêmia.
"Ataque ultrajante"
O presidente dos EUA, Barack Obama, condenou fortemente na quarta-feira (12) a morte do embaixador do país na Líbia e de três funcionários americanos, no que chamou de "ataque ultrajante".
Ele ordenou um reforço na segurança de postos diplomáticos americanos ao redor do mundo. "Eu orientei minha administração a prover todos os recursos necessários para assegurar a segurança do nosso pessoal na Líbia, e para aumentar a segurança em nossos postos diplomáticos ao redor do mundo", disse Obama em comunicado.
A Marinha dos Estados Unidos enviou dois destróieres à costa líbia, após a morte de quatro funcionários no ataque ao consulado dos EUA em Benghazi. "Dois destróieres estão seguindo para as proximidades da Líbia, mas apenas por medida de precaução", informou o porta-voz do Pentágono, George Little.
Líbia pede desculpas
O governo da Líbia pediu desculpas aos Estados Unidos pelas mortes. "Apresentamos nossas desculpas aos Estados Unidos, ao povo americano e ao mundo inteiro pelo que aconteceu", afirmou em Trípoli Mohamed al-Megaryef, presidente do Congresso Geral Nacional (CGN), principal autoridade política da Líbia.
"Estamos ao lado do governo americano em relação aos assassinos", disse Megaryef, que classificou o ataque de "covarde".
A Líbia enfrenta instabilidade política desde a revolta popular que, no ano passado, com apoio ocidental, derrubou e matou o ditador Muammar Kadhafi. A cidade de Benghazi foi o foco da rebelião anti-Kadhafi